Compartilhar para mim é uma palavra essencial!Neste blog quero compartilhar experiências no cotidiano da sala de aula da turma 8803 do Projeto Autonomia Carioca da EM LEVY MIRANDA - 6ªCRE.
Ainda falando sobre preconceito racial, convidei uma professora especialista para realizar uma aula sobre o tema onde os alunos pudesSem ampliar as discussões acerca dos preconceitos principalmente os de origem racial. Essa aula foi ministrada pela professora Marize e esteve presente além da minha turma a turma 8802 também do PROJETO AUTONOMIA CARIOCA, da professora Diana Sobreira. Foi um momento muito enriquecedor onde os alunos das turmas puderam assistir a um pequeno filme intitulado VISTA A MINHA PELE e puderam questionar e discutir sobre o assunto.Assista ao vídeo:
No mês passado iniciamos em sala de aula, uma discussão sobre a contribuição dos negros na cultura brasileira. Além de ser tema de uma das aulas de História propostas pelo Telecurso, percebi com a convivência diária que havia muita resistência por parte dos alunos acerca da questão racial. O que ficava mais evidente em minha sala era que apesar da maioria ser negra ou com antepassados negros, falar sobre isso ainda era motivo de risinhos ou apelidos maldosos em relação à cor da pele ou estilo de cabelo. Observei que mesmo entre os alunos negros havia essa prática. Resolvi aproveitar o tema da aula 10 de história para trabalhar um pouco essa questão. Durante o trabalho em uma turma de aceleração, temos uma rotina pré-estabelecida ou seja uma metodologia a ser aplicada. Consiste em alguns passos necessários ao bom desenvolvimento da aula: acolhida, problematização, exibição da teleaula, leitura de imagem, exercícios com livro texto, exercícios complementares, socialização e avaliação. No momento da acolhida, trouxe para a sala o significado e a origem do nome de cada aluno inclusive o meu, pois estava buscando descobrir se havia algum entre eles de origem africana. Rolou uma dinâmica muito divertida onde cada aluno recebeu uma tirinha com a origem e o significado do nome de algum colega e então teria que tentar descobrir de quem era. Muitos não sabiam a origem do seu nome e percebi que a cada entrega da tirinha os alunos ficavam com um sorriso no rosto, pois as informações novas eram muito agradáveis. Afinal era o seu nome, algo que eles irão carregar por toda a vida! Ah, e tudo virou um painel chamado IDENTIDADE!
Na problematização, optei por apresentar um vídeo do youtube que mostrava algumas personalidades negras de todo o mundo, e ao assistir percebi um silêncio na sala e todos olhando atentos ao reconhecer algumas daquelas personalidades. Discutimos então como a televisão tem mostrado o negro nos dias atuais. Esse assunto rendeu pano pra manga...rss
Assistimos a teleaula e pedi para eles construírem frases contra o preconceito racial. Na socialização todos leram suas frases e ao final ouvimos uma música do Cidade Negra chamada Negro-rei! Gente confesso que fiquei muito envolvida nesse dia e os alunos também, pois após o trabalho era um silêncio que nem sei explicar...Abaixo fotos, vídeos e música trabalhados na construção desse planejamento:
Nossa turma participou da Culminância do P.P.P da Escola com um jogo de tabuleiro sobre a árvore sorteada para a turma: O jamelão. Queríamos fazer alguma atividade que chama-se a atenção dos outros alunos e que eles pudessem aprender jogando.Daí surgiu a ideia de criar um jogo falando sobre as curiosidades dessa planta. Resultado: SUCESSO TOTAL!
Adolescência...Fase difícil! Meus alunos estão todos nessa fase. Falar sobre isso foi muito rico pois pude conhecer um pouco mais dos seus anseios, vontades, sonhos e metas. Engana-se quem acha que esses meninos não pensam no futuro. O que falta mesmo são oportunidades para eles se revelarem. E quantos talentos tenho em minha sala de aula. Depois da teleaula sobre o tema, fizemos um debate para saber qual era a opinião deles sobre a adolescência nos dias de hoje. As dificuldades e facilidades que eles encontravam no dia a dia deles em casa, na comunidade, na escola. Para terminar o dia, eles confeccionaram um cartaz onde conheci um talento do desenho. O aluno D. fez as gravuras e os outros sintetizaram em palavras o que havia sido discutido na aula. Veja as fotos:
Durante o primeiro semestre trabalhei com a turma alguns temas que considerei importantes para serem debatidos. Dentre os temas escolhidos falamos sobre bullying. Assistimos um vídeo produzido pelos alunos do 8° Ano da Escola Estadual Ramiro Olavo, Ananindeua - Pará, em 2008 coordenado pela professora Ivonete Ibiapina,sobre o assunto. Debatemos no círculo, se alguns deles já haviam cometido ou sofrido bullying e após a roda de discussão eles confeccionaram cartazes sintetizando o que haviam aprendido. Foi uma atividade interessante e que despertou os alunos para o tema, já que havia acontecido a tragédia de Realengo e eles estavam tristes com o ocorrido. O resultado foi muito bom, pois diminuiu sensivelmente a ocorrência de conflitos dentro de sala, e a palavra "desculpa" tornou-se um hábito entre eles.
Quem me conhece sabe que adoro trabalhar com música com meus alunos. Sempre fiz isso desde quando lecionava pros pequenininhos, há alguns anos atrás... De vez em quando, nas dinâmicas em sala de aula, uso a música como forma de alegrar um pouco as aulas. Dentre as músicas que já ouvimos na 8803, tento de todas as formas mostrar para eles que existe algo mais além do FUNK carioca que eles amam. Porém a música que eles mais gostam..adivinhem...tem a base do funk, mas a letra é linda. Resolvi postar aqui pois eles vão se amarrar:
Dentre os conteúdos abordados no Tecendo o Saber havia um capítulo onde falava sobre Rap. Decidimos então que a turma desenvolveria um rap que os identificassem...Resolveram então gravar, (risos). Não ficou muito boa a gravação, pois um dirigia, o outro filmava...Adorei ouvir os "Corta, vamos de novo!" mas resolvi incentivá-los já que queria muito que eles começassem a falar em público. A letra foi construída em conjunto, cada um dizia um verso e eu fui adequando a melodia. Elegeram uma aluna para cantar e aí está o resultado:
Ah, o dia das mães...Comemorar ou não com eles? Afinal muitos não tem mãe, outros são criados por parentes,outros odeiam suas mães (como pode isso, mas ouvi deles..) e alguns são criados pelo pai. Algumas mães saíram de casa, outras ignoram os filhos mesmo morando junto...(Ouvi de um aluno: "Minha mãe não me vê, parece que eu nem existo..."). Resolvi que iria comemorar mesmo assim...Pensei vou comprar lembrancinhas prontas e aí eles fazem um cartão e entregam...Depois decidi que eles mesmo confeccionariam com suas próprias mãos a lembrancinha. Comprei todo o material e fui pra escola, pensando que eles se negariam a fazer, que a turma ia ficar uma confusão só, que eles não conseguiriam fazer sozinhos...Enfim, mas resolvi ir até o final, pagar pra ver.E a minha surpresa foi que eles adoraram!!! Ouvi de um deles: "É a primeira vez que faço algo que preste.Minha mãe nem vai acreditar" Ah, vai sim pois aqui estão as fotos!!!
Na semana da Páscoa, eu tive a ideia de fazer uma pequena ceia com meus alunos. Não queria que fosse uma comemoração somente onde eles ganhariam chocolates e comeriam os quitutes. Por isso planejei um momento diferenciado, onde preparei uma mesa com pão,uvas, alguns ramos de trigo e suco de uva para representar o vinho.Falamos da importância da união e da fé. Em nosso círculo, fizemos uma oração pela paz. Construímos alguns cartazes desejando coisas boas para o próximo e ceiamos, tiramos fotos de coelhinho e mais uma vez nos divertimos muito. São momentos como este que não poderiam deixar de estar registrados aqui.
Devido a problemas de conexão fiquei sem postar no blog. Mas agora estou de volta. Fim do período de integração, carnaval, recesso e volta às aulas agora pra valer.Porque parece que o ano só começa após o carnaval?! As aulas estavam reiniciando e os alunos estavam ansiosos para receber os livros e assistir as teleaulas. Começamos com o Tecendo o Saber volumes 3 e 4. As aulas eram basicamente de três disciplinas, português, matemática e artes. As teleaulas eram baseadas em histórias como se fossem novelinhas, onde os personagens iam contando suas historias e os conteúdos iam fazendo parte de um contexto da vida de cada um deles. Logo os alunos gostaram dos personagens e se interessavam por assistir as aulas.É claro que a maioria da turma apresentava muita dificuldade, principalmente em cálculos. Por isso dedicava muitos momentos a matemática para tentar diminuir essa defasagem. Não é tarefa fácil pois os alunos, não sabiam multiplicar, escrever os números, realizar cálculos com análise de dados e tabelas então nem pensar. Mas estávamos tentando da melhor forma possível acompanhar os conteúdos dos livros. Muitos exercícios complementares estavam surtindo efeito.Nesse período alguns alunos foram recolocados em outro projeto pois tinham muita dificuldade de leitura e isto já estava previsto. Era importante saber ler para estar no projeto de aceleração 2. Confesso que liam muito mal, alguns soletravam mas aos poucos iam se desenvolvendo tanto na leitura quanto na escrita.As atividades de integração continuavam para que os alunos ficassem mais unidos bem como os trabalhos de cada equipe.Desenvolver a oralidade da turma também era um desafio que eu pretendia superar, pois considero muito importante que os alunos aprendam a falar em público.Como todos sabem, trabalhar neste projeto não é fácil, temos que conquistar os alunos, apresentar atividades desafiadoras, criar situações de aprendizagem, planejar, planejar e planejar. Não dá para entrar na sala e ensinar qualquer coisa! Por isso a dedicação tem que ser diária. Suamos a camisa literalmente para que esses aluno antes excluídos, aprendam. Cada passo é uma vitória, um obstáculo vencido.
Como eu havia escrito antes, foi um período muito rico e também muito desafiador. Entre os alunos havia um que era diferente. Ele não respondia a metodologia, era agitado e causava tumultos dificultando a aula. Além disso começava a dar problemas também fora de sala, nos corredores. Não respeitava os funcionários da escola apesar de nunca ter me respondido ou agredido verbalmente. Tinha algum desvio, que acho eu era por causa da sua vivência difícil e influência do meio onde ele vivia. Não aceitava regras nem limites. Eu ficava atônita sem saber o que fazer, até que um dia fui alertada por outro professor para não bater de frente com ele pois ele estava envolvido com coisas ruins.Um certo dia começou um boato na turma de que ele estava armado. Fiquei nervosa, mas tive que me manter firme para não assustá-los mais ainda. Comuniquei o fato a direção que levou-o da sala para conversar. Graças a Deus nada de ruim aconteceu.
Os dias se seguiam, o trabalho estava dando frutos, até que um dia houve um desentendimento com o professor de matemática, onde o aluno acabou ameaçando o professor e ele foi encaminhado para a psicóloga, porém não voltou mais a turma. Passado este momento tenso, os outros alunos até que se sentiram aliviados pois estavam conseguindo fazer as atividades em paz. Estávamos na semana antes do Carnaval e para comemorar o fim do período de integração e a data festiva , fizemos um bailinho de Carnaval, tiramos fotos caracterizados, enfim eles estavam muito felizes e eu também.Mais uma etapa concluída!!
Na segunda semana do período de integração os alunos já sentiam-se mais a vontade com a metodologia. Ainda existiam muitas dúvidas, mas aos poucos íamos nos adaptando e conseguindo fazer o trabalho. As dinâmicas de socialização foram muito importantes para familiarizar os alunos. Devagar eu ia conhecendo um pouco mais do perfil deles, sobre a família, sonhos e anseios, dificuldades de aprender e construindo o diagnóstico de cada um. Neste projeto existe uma prática muito importante que é a construção do memorial onde os alunos começam a escrever um diário, contando sobre eles, expectativas e descobertas durante as aulas. Esta prática era nova para eles que estavam acostumados a só copiar as atividades das disciplinas.No início eles se recusaram a fazer em sua maioria até porque era algo desconhecido e eles tinham muito medo de escrever. Porém fui incentivando até porque eu também tinha que construir o meu memorial e um memorial da telessala.Começaram com uma linha , duas, outros não queriam fazer e começaram a dizer que haviam esquecido em casa! É esse foi e ainda é um desafio e tanto: fazê-los escrever, falar de si mesmos, relatar o que acontece...Na verdade é um desafio também para nós, professores! Então, decidi no planejamento separar um momento só para isso, no começo da aula e guardá-los no armário da sala. Alguns me mostravam o que haviam escrito, outros não queriam que eu visse e eu fui respeitando a vontade de cada um. Disse que escrevessem da forma deles, uma música, um versinho, o que quisessem. Durante este período assistimos um filme chamado Escritores da Liberdade. A exibição desse filme foi tudo de bom, pois eles se identificaram com o fato de os alunos da história também fazerem seus diários e alguns até diziam: "Ela (a professora da história), parece a nossa professora!!"
Chegou o momento que considerei muito importante: a construção do pacto de convivência. Era imprescindível que os próprios alunos apontassem regras de convívio, o que poderia ou não fazer dentro da telessala. Fui escrevendo no quadro as opiniões de todos e depois fizemos uma votação para escolher o que faria parte do pacto. Este momento gerou bastante discussão pois todos queriam defender seus pontos de vista. Fiquei feliz pois vi que eles começavam a se soltar e falar em público. Após as discussões resolvemos criar um cartaz para expor o que a turma havia elaborado. Cada grupo escrevia com sua letra as informações, isso também foi bom pois pude perceber quem escrevia e quem ainda estava em processo. O cartaz ficou bem simples mas do jeito que eu gosto: construção dos alunos! Enfim o momento de explicar sobre o trabalho em equipes. Na metodologia da telessala trabalhamos com a formação de quatro equipes: Socialização, Coordenação, Avaliação e Síntese. Fui sorteando os nomes para a formação das primeiras equipes, ali pude perceber que alguns elos de amizade já estavam se formando pois alguns pediam para ficar com outros. Sinceramente, nesta fase eu comecei a me preocupar pois por se tratar de alunos de sexto ano, aqueles que ninguém queria, que davam muito trabalho, que não faziam as tarefas e ainda brigavam em sala, fazê-los trabalhar em grupo gerava muita expectativa. Começava o desafio de fazer com que eles entendessem que não eram mais de uma turma regular, que a dinâmica de trabalho nada tinha a ver com o que eles estavam acostumados, enfim...Muita novidades para aquelas cabecinhas!Mas como nem tudo são flores, as primeiras dificuldades começavam a surgir! Medo, ansiedade, vontade de ensinar, curiosidade, vontade de conhecer cada um deles..Minha cabeça também estava a mil por hora....
As duas primeiras semanas de aula eram reservadas ao período de integração. Durante o o curso de capacitação, fui preparada para desenvolver atividades que integrassem os alunos e apresentassem a nova metodologia a eles. Na tele sala, trabalho com os alunos em círculo ou meio círculo e essa era uma novidade para eles acostumados a sentar em fileiras. Cada aluno recebia um crachá para identificação onde estaria também escrito ou desenhado uma característica ou uma preferência de cada um deles. No início das aulas faço uma dinâmica para quebrar o gelo já que acabávamos de nos conhecer. Isto também era novidade já que eles nunca haviam participado de atividades em que o professor deixasse eles falarem e estivesse interessado em ouvi-los. Esta foi uma importante etapa já que a timidez predominava na sala, o medo de "pagar mico" ou ser ridicularizado. Mas nada disso aconteceu. Uns ouviram os outros com a maior atenção e respeito e participaram da atividade com boa vontade. Estavam ansiosos para saber como funcionaria aquela nova sala, quem eu era e como eu era e o mesmo acontecia comigo.Novos alunos, novo trabalho, a mente cheia de ideias. Será que eu vou conseguir?Será que vão gostar de mim?
Sou professora e atualmente leciono em duas redes municipais. Na rede municipal do RJ fui convidada este ano para lecionar em uma turma de projeto. Apesar de ainda não conhecer nada sobre a metodologia, aceitei o convite. Já havia trabalhado com projeto antes, o PROJOVEM durante três anos e sempre gostei de desafios. Comecei o ano participando de um curso de formação que durou 15 dias. Neste curso de formação entendi como era a proposta de trabalho, a metodologia e que trabalharia com alunos de sexto ano em defasagem idade-serie. Minha turma do Projeto Autonomia, recebeu o número 8803. Não escolhi a turma pois foi aleatoriamente que a direção da escola ao fazer uma chamada no pátio me direcionou para ela. Nossas aulas acontecem na sala 17 no terceiro andar do prédio da EM LEVY MIRANDA.Tenho aproximadamente 25 alunos, onde a maioria é de meninos. São alunos vivos, agitados e com sede de aprender e conviver. Aliás conviver é um grande desafio, principalmente por conta das equipes de trabalho. Cada um com sua peculiaridade vem conquistando meu coração a cada dia. O período de integração foi essencial para conhecer os alunos, em que nível estavam e integrar a todos. Pareciam alunos tranquilos na primeira semana porém, nada seria fácil como eu já desconfiava. Começava a dura lida de transformar aquelas plantinhas em belas árvores!